terça-feira, 6 de janeiro de 2009



Terça- feira, segundo dia da semana e a vida voltando ao normal depois das festas de fim de ano. Hora de desmontar as árvores e imaginar que o carnaval já está chegando. Então, comecei a desmontar todos os enfeites do Natal. Adoro árvores, estrelas, luzes, tudo bem colorido e alegre que demonstrem a beleza da data. O dia em que enfeito minha casa e meu consultório parece ser um dia de festa. Tudo fica como se fosse novo, diferente...mas, voltando ao dia de desmontar as árvores, tive a sensação de que estava guardando outras coisas juntamente com os enfeites. É isso mesmo, quando desmontamos nossas árvores, vamos embrulhando com os enfeites as nossas lembranças. Bom seria se pudéssemos guardar apenas as coisas boas e bonitas que a época natalina nos traz, no entanto, é justamente nessa época que podemos ver quanta injustiça temos no mundo. Há tantos que recebem tudo e há aqueles que esperam por qualquer coisa. E foi isso que vi em um hospital público que trabalho. Lá eu faço visita aos leitos dos pacientes da pediatria que estão internados. Minha função é promover saúde visando as condições bucais daquelas crianças e orientar seus acompanhantes. Como faço esse trabalho semanalmente, resolvi levar uma "lembrança" na época de presentes. Então preparei uma lembrança que entregava as crianças durante todo o mês de dezembro. A lembrança foi muito simples. Era uma toalhinha de mão colocada em um porta-toalha de emborrachado. Também havia orientações sobre higiene bucal para lembrá-los do cuidado com os dentes. Enfim, coisas de dentista. Só que quando entreguei o presente para a mãe de um bebê de 5 meses, ela me olhou com os olhos cheios de água e me perguntou se poderia me dar um abraço. Prontamente lhe estendi os braços e um sorriso apareceu no meu rosto. Ela me disse que estava sozinha no mundo, seu filho não era querido pela família e provavelmente aquele seria o único PRESENTE. Tive que segurar o choro e não olhar muito para aqueles dois porque a vontade real era de levá-los para casa comigo. Então saí sorrindo e um funcionário brincou comigo que deveria ser muito bom ser dentista porque todo dentista devia ser rico pois sorria à vontade. Simplesmente eu respondi: bom mesmo é ter amigos porque mesmo quando preciso chorar eles me fazem rir. Agora, já guardei todos os meus enfeites, mas o rosto daquela mãe não sai da minha memória e ela não imagina como foi bom receber aquele abraço pois naquele dia, era eu que estava me sentindo completamente sozinha.




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